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terça-feira, 15 de maio de 2012

MONUMENTOS EGÍPSIOS

Monumentos Egípcios

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    1. – Esfinge de gizé
    2. – abu simbel
    3. – colossos de memnon
    4. – colossos no vale dor reis
    5. – colunas carnac – arte milenar
    6. – colunas fechadas de karnac
    7. – conunas de luxor
    8. – columnas e hierogrifos no templo de luxor
    9. – esfinge
    10. – em pleno deserto a esfinge parece mirar para a impotência dos homens
    11. – papel de parede pirâmides
    12. – esfinge vista diagonal
    13. – esfingies talhadas em pedra
    14. – piramides papel de parede
    15. – esculturas em carnac
    16. – corredor de colunas
    17. – obelisco tutmosis
    18. – obelisco em carnac –hierogrifos
    19. – papel de parede esfinge
    20. – piramide – túmulos dos faraós
    21. – saqqarq
    22. – esfinge frontal
    23. – visão lateral do templo de Amon em karnac – Tebas
    24. – templo ptah
    25. – templo em carnac com estatuas de faraós
    26. – templo de horus
    27. – templo de Isis
    28. – templo de luxor
    29. – templo de ranses II
    30. – templo mirante em carnac
    31. – tutmosis

ARTE EGÍPCIA
Uma das principais civilizações da Antigüidade foi a que se desenvolveu no Egito. Era uma civilização já bastante complexa em sua organização social e riquíssima em suas realizações culturais.
A religião invadiu toda a vida egípcia, interpretando o universo, justificando sua organização social e política, determinando o papel de cada classe social e, conseqüentemente, orientando toda a produção artística desse povo.
Além de crer em deuses que poderiam interferir na história humana, os egípcios acreditavam também numa vida após a morte e achavam que essa vida era mais importante do que a que viviam no presente.
O fundamento ideológico da arte egípcia é a glorificação dos deuses e do rei defunto divinizado, para o qual se erguiam templos funerários e túmulos grandiosos.

ARQUITETURA

As pirâmides do deserto de Gizé são as obras arquitetônicas mais famosas e, foram construídas por importantes reis do Antigo Império: Quéops, Quéfren e Miquerinos. Junto a essas três pirâmides está a esfinge mais conhecida do Egito, que representa o faraó Quéfren, mas a ação erosiva do vento e das areias do deserto deram-lhe, ao longo dos séculos, um aspecto enigmático e misterioso.

As características gerais da arquitetura egípcia são:
* solidez e durabilidade;
* sentimento de eternidade; e
* aspecto misterioso e impenetrável.

As pirâmides tinham base quandrangular eram feitas com pedras que pesavam cerca de vinte toneladas e mediam dez metros de largura, além de serem admiravelmente lapidadas. A porta da frente da pirâmide voltava-se para a estrela polar, a fim de que seu influxo se concentrasse sobre a múmia. O interior era um verdadeiro labirinto que ia dar na câmara funerária, local onde estava a múmia do faraó e seus pertences.

Os templos mais significativos são: Carnac e Luxor, ambos dedicados ao deus Amon.
Os monumentos mais expressivos da arte egípcia são os túmulos e os templos. Divididos em três categorias:
Pirâmide - túmulo real, destinado ao faraó;
Mastaba - túmulo para a nobreza; e
Hipogeu - túmulo destinado à gente do povo.

Os tipos de colunas dos templos egípcios são divididas conforme seu capitel:
Palmiforme - flores de palmeira;
Papiriforme - flores de papiro; e
Lotiforme - flor de lótus.

Para seu conhecimento
Esfinge: representa corpo de leão (força) e cabeça humana (sabedoria). Eram colocadas na alameda de entrada do templo para afastar os maus espíritos.
Obelisco: eram colocados à frente dos templos para materializar a luz solar.


ESCULTURA

Os escultores egípcios representavam os faraós e os deuses em posição serena, quase sempre de frente, sem demonstrar nenhuma emoção. Pretendiam com isso traduzir, na pedra, uma ilusão de imortalidade. Com esse objetivo ainda, exageravam freqüentemente as proporções do corpo humano, dando às figuras representadas uma impressão de força e de majestade.
Os Usciabtis eram figuras funerárias em miniatura, geralmente esmaltadas de azul e verde, destinadas a substituir o faraó morto nos trabalhos mais ingratos no além, muitas vezes coberto de inscrições.
Os baixos-relevos egípcios, que eram quase sempre pintados, foram também expressão da qualidade superior atingida pelos artistas em seu trabalho. Recobriam colunas e paredes, dando um encanto todo especial às construções. Os próprios hieróglifos eram transcritos, muitas vezes, em baixo-relevo.

PINTURA

A decoração colorida era um poderoso elemento de complementação das atitudes religiosas.

Suas características gerais são:
* ausência de três dimensões;
* ignorância da profundidade;
* colorido a tinta lisa, sem claro-escuro e sem indicação do relevo; e
* Lei da Frontalidade que determinava que o tronco da pessoa fosse representado sempre de frente, enquanto sua cabeça, suas pernas e seus pés eram vistos de perfil.

Quanto a hierarquia na pintura: eram representadas maiores as pessoas com maior importância no reino, ou seja, nesta ordem de grandeza: o rei, a mulher do rei, o sacerdote, os soldados e o povo. As figuras femininas eram pintadas em ocre, enquanto que as masculinas pintadas de vermelho.

Os egípcios escreviam usando desenhos, não utilizavam letras como nós. Desenvolveram três formas de escrita:
Hieróglifos - considerados a escrita sagrada;
Hierática - uma escrita mais simples, utilizada pela nobreza e pelos sacerdotes; e
Demótica - a escrita popular.

Livro dos Mortos, ou seja um rolo de papiro com rituais funerários que era posto no sarcófago do faraó morto, era ilustrado com cenas muito vivas, que acompanham o texto com singular eficácia. Formado de tramas de fibras do tronco de papiro, as quais eram batidas e prensadas transformando-se em folhas.

Para seu conhecimento

Hieróglifos: foi decifrada por Champolion, que descobriu o seu significado em 1822, ela se deu na Pedra de Rosetta que foi encontrada na cidade do mesmo nome no Delta do Nilo.
Mumificação: a) eram retirados o cérebro, os intestinos e outros órgãos vitais, e colocados num vaso de pedra chamado Canopo. b) nas cavidades do corpo eram colocadas resinas aromáticas e perfumes. c) as incisões eram costuradas e o corpo mergulhado num tanque com Nitrato de Potássio. d) Após 70 dias o corpo era lavado e enrolado numa bandagem de algodão, embebida em betume, que servia como impermeabilização.
Quando a Grande Barragem de Assuã foi concluída, em 1970, dezenas de construções antigas do sul do país foram, literalmente, por água abaixo, engolidas pelo Lago Nasser. Entre as raras exceções desse drama do deserto, estão os templos erguidos pelo faraó Ramsés II, em Abu Simbel. Em 1964, uma faraônica operação coordenada pela Unesco com recursos de vários países - um total de 40 milhões de dólares - removeu pedra por pedra e transferiu templos e estátuas para um local 61 metros acima da posição original, longe da margem do lago. O maior deles é o Grande Templo de Ramsés II, encravado na montanha de pedra com suas estátuas do faraó de 20 metros de altura. Além de salvar este valioso patrimônio, a obra prestou uma homenagem ao mais famoso e empreendedor de todos os faraós.
Queóps é a maior das três pirâmides, tinha originalmente 146 metros de altura, um prédio de 48 andares. Nove metros já se foram, graças principalmente à ação corrosiva da poluição vinda do Cairo. Para erguê-la, foram precisos cerca de 2 milhões de blocos de pedras e o trabalho de cem mil homens, durante vinte anos.
Saiba mais:
www.historiadaarte.com.br
Como em todas as civilizações antigas, a Cosmogonia ocupa a primeira parte dos textos sagrados egípcios, tentando explicar com a fantasia e o relato milagroso tudo quanto se escapa do reduzido âmbito do conhecimento humano. Para os egípcios, como para o resto das grandes religiões, a criação do Universo faz-se de um único ato da vontade suprema, a partir do nada, da escuridão, do caos original. O seu criador chama-se Nun e era o espírito primigênio, o indefinido ser que tinha tomado o aspecto do barro. Este barro que aparece com tanta freqüência em todas as mitologias junto dos parágrafos das criações de deuses e de homens, a matéria-prima por excelência dos oleiros e (por assimilação) a matéria lógica para os deuses criadores, não era senão a terra e a água próximas dos antigos povoadores do mundo. Por isso o barro Nun foi o berço espiritual, a primeira força em que ia tomando forma o novo espírito da luz, Ra, o disco solar, pai de tudo o que habita sob os seus raios. Da vontade de Ra vão nascer os dois primeiros filhos diferenciados da divindade: são Tefnet e Chu. Ela é a deusa das águas que caem na terra e ele é o deus do ar, e os dois filhos estarão com o grande pai Ra no firmamento, compartilhando a sua glória e o seu poder e ajudando-o na longa e eterna viagem. Mas também Chu e Tefnet vão continuar a obra iniciada por Ra, criando da sua união outros dois novos filhos, os dois sucessores da última geração celestial: o deus da terra Geb, e a sua irmã e esposa, a deusa do céu Nut, para que eles relevem à primeira geração e criem a terceira, a que vai estar na terra do Egito. Os filhos de Geb e Nut, os quatro filhos do Céu e da Terra, dois homens e duas mulheres (embora haja versões que dão um quinto filho, chamado Horoeris), formam a primeira geração de seres que vivem no solo do Egito, os quatro primeiros deuses que se ocupam dessa terra escolhida e que velam por ela, ou que entram no mundo egípcio para completar o binômio do bem e do mal, da vida e da morte. O primeiro dos homens e o mais velho dos quatro, Osíris, é o deus da fecundidade, a divindade que representa e sustenta a continuidade da natureza; ele é quem faz nascer a semente, quem a amadurece e quem agosta os campos; Osíris é o princípio da própria vida. Ísis, a sua irmã e esposa, reina em igualdade sobre o extenso domínio do Nilo, em perfeita harmonia com o seu irmão, formando o casal positivo do binômio. Se Osíris se encarrega de proporcionar a vida aos humanos, Ísis está sempre à frente, após a invenção de todas as artes necessárias para desenvolver a vida, desde a moagem do grão até às complexas regras e leis da vida familiar. Neftis, a segunda irmã e a mais pequena de todos, não podia ter a sorte de Ísis, a sorte de ser esposa do bom e belo Osíris; por isso Neftis ficou à margem da felicidade; também por isso era a representação do resto do país útil, a deusa das terras menos felizes, as terras secas junto dos campos de cultivo; as parcelas de sequeiro que não tinham a sorte de ser regularmente inundadas pela água e pelo limo do rio nas suas cheias anuais. Set, o segundo homem e o terceiro dos filhos, é a criatura que pressagiou o seu destino ao nascer prematuramente, dado que abriu o ventre da sua mãe Nut, fazendo-a sofrer cruelmente; Set é o deus da maldade, o espírito negativo e o representante do deserto sem vida, a personificação da morte. Naturalmente, Set odeia desde a infância o primogênito Osíris; esta é a fábula constante do bom irmão diante do mau; é a lenda exemplificadora do mau assassinando o bom, tentando evitar a sua clara superioridade, tentando apagar com a morte a distância entre ambos. Mas continuemos com a história dos quatro filhos de Geb e Nut, e digamos que Set casou com a sua irmã Neftis, mantendo a tradição iniciada pelos seus antecessores divinos. Mas Neftis foi esposa do malvado Set também mau grado seu, porque ela amava Osíris, e deste casamento não surgiu nenhum filho, porque Set tinha que ser forçosamente estéril pela sua maldade. Mas não sucedeu a mesma coisa com Neftis, dado que ela sim, conseguiu ter um filho e, precisamente um filho de Osíris. Para conseguí-lo, embebedou o seu irmão e deitou-se com ele. Esse filho nasceria mais tarde e seria conhecido com o nome de Anúbis. Neftis amava tanto Osíris e tanto desprezava o seu marido que, quando se produziu o seu assassínio, a boa e infeliz Neftis fugiu do seu perverso marido, para poder estar ao lado do amado, junto da sua irmã Ísis, ajudando-a no embalsamamento. Após aquele momento, Ísis e Neftis permaneceriam sempre unidas à morte, acompanhando o piedoso defunto na sua sepultura, para proporcionar-lhe a ajuda que necessitasse no outro lado da morte. Ao assassinar Osíris, Set só conseguiu divinizar ainda mais o seu odiado irmão, porque o Osíris triunfante sobre a morte ia estabelecer-se como a personificação divina do ciclo, e voltaria a nascer e morrer eternamente, reinando na vida eterna do céu e deitando sobre o seu traidor irmão na terra, ao ficar com as suas posses e ser a figura amada pelas duas irmãs Ísis e Neftis, a figura adorada e homenageada por todos os egípcios, a divindade bondosa que governava as estações e o benéfico Nilo em proveito dos homens. Não foi demasiado difícil a Set terminar com a vida do seu bom irmão, o grande rei Osiris, apesar da constante vigilância que Ísis mantinha sobre as suas idas e vindas, dado que ela sim conhecia bem o seu malvado irmão e não confiava de maneira nenhuma nas suas artes. Depois de tentar uma e outra vez assassiná-lo sem êxito, finalmente Set tramou um plano que lhe permitia iludir Ísis e assim mandou construir uma caixa muito rica e bela, com o tamanho exato do seu irmão. Com a caixa em seu poder, Set organizou uma grande festa, à qual convidou Ísis e Osíris, junto com outras setenta e duas personagens, que não eram outras que os seus aliados no sinistro plano. Terminada a festa, Set comentou que tinha idealizado um jogo, que consistia em ver quem de todos os presentes cabia melhor naquela magnífica arca, e para o feliz tinha reservado um grandioso prêmio. Os convidados provaram sorte, mas nenhum dava o tamanho adequado, de maneira que chegou a vez de Osíris e ele sim, enchia completamente o buraco da caixa. Mas não havia tal prêmio; os presentes lançaram-se em tropel e encerraram o rei dentro dela; depois lançaram-na ao Nilo e o rio arrastou a caixa e a sua carga para o mar. Ísis saiu em perseguição do baú e Neftis uniu-se ela rapidamente na procura, enquanto Set e as suas seis dúzias de cúmplices celebravam precipitadamente a suposta vitória do usurpador. As duas irmãs entretanto, encontraram a caixa onde Osíris tinha sido encerrado e comprovavam que já era simplesmente um cadáver. Com os seus tristes lamentos e prantos, as irmãs comoveram os deuses e estes decidiram trazer de novo à vida ao infeliz Osíris, mandando-as que amortalhassem o seu corpo embalsamado em ligaduras, dando assim a pauta para o posterior rito funerário, ou que reunissem os seus restos para poder insuflar de novo a vida no seu destroçado corpo, segundo a versão correspondente.
Também se conta, em outros relatos sagrados, que a arca tinha saído para o mar quando Ísis chegou à foz do Nilo, e só terminou a sua viagem na muito longínqua costa da Fenícia, indo de encontro a um tronco que crescia à beira do Mediterrâneo, muito próximo da cidade de Biblos. a árvore, milagrosamente, cresceu num instante, englobando o féretro flutuante no seu tronco para dar-lhe o último abrigo. Movido pelo destino, o rei de Biblos viu aquela gigantesca árvore e mandou cortar o seu tronco e com ele ordenou construir uma coluna para o seu palácio. Mas Ísis soube também do portentoso fato e empreendeu a viagem até chegar à cidade de Biblos, onde pediu ser recebida pelo rei, para fazer-lhe saber a razão da sua penosa expedição. O rei ouviu o relato da rainha e ordenou imediatamente que lhe fosse devolvido o caixão onde repousavam as restos mortais do bom Osíris. Concedido o seu desejo e com o caixão em seu poder, regressou sigilosamente para o Egito, não sem antes tentar ocultar o cadáver do infeliz esposo da maldade de Set. Mas Set, senhor da noite e das trevas, deu com ele e voltou a tentar terminar com a ameaça que Osíris representava, fazendo com que os seus restos fossem dispersos por todo o imenso e intransitável delta do grande rio. De novo Ísis empreendeu a procura dos restos de Osíris nos pântanos do Nilo e, um a um, reuniu outra vez o cadáver. Quando os conseguiu, tomou a forma de uma grande ave de presa e pousou-se sobre os despojos, batendo as suas asas até que com o seu ar benfeitor insuflou uma vida renovada em Osíris. O esposo ressuscitado tomou-a e a boa Ísis ficou grávida de Hórus, o filho que teria de vingar o pai assassinado e restauraria a ordem divina no Egito. Mas, enquanto chegava o momento do nascimento de Hórus, Ísis ocultou-se de Set nos pantanosos terrenos do delta do Nilo. Osíris retornou ao reino dos mortos, mas já tinha deixado a sua semente em Ísis e dela nasceu felizmente Hórus em Jenis. Com a presença devota da sua mãe foi educado no maior dos segredos, preparando-se com esmero e paciência o sucessor do rei assassinado no seu esconderijo do Delta, enquanto a mágica Ísis o cobria com a impenetrável couraça dos seus conjuros, esperando até que chegasse a hora da vingança definitiva. E esta hora chegou, mas a luta entre Set e Hórus seria longa e angustiosa; uma briga que aparecia não ter fim, na qual um e outro infringiam tanto mal como o que recebiam do seu adversário. Tão penoso era o combate que Tot, o deus da Lua e a divindade da ordem e a inteligência, se apiedou dos combatentes e interveio para mediar na disputa, levando a ambos perante o tribunal dos deuses e fazendo comparecer também Osíris, para que todos pudessem ouvir as razões de um e dos outros. O tribunal sentencia que, na causa entre Set e Osíris, seja Osíris quem recupere o reino que teve em vida, e acrescenta à sua coroa a parte do país que originalmente correspondeu ao seu irmão e assassino. Na longa e controversa vista da briga entre Set e Hórus, que durou nada menos que oitenta anos, os juízes celestiais terminaram por sentenciar o pleito sobre os direitos sucessórios a favor de Hórus. O filho póstumo de Osíris recuperava o que correspondia pela sua linhagem: a sucessão no trono de Egito. Assim, o filho era reconhecido pela divindade como soberano indiscutível, dentro da tradição clássica que adjudicava aos reis e aos reinos um sentido de vontade divina. Por estas duas sentenças Set perde o seu poder, conquistado com enganos, mas não é castigado senão afastado do mundo; Set passa a ser também uma divindade necessária ao ser acolhido por Ra, divindade solar, para que se ocupe nos céus de alternar a noite com o dia e deixe que sejam os reis os que governem sobre a terra. Hórus, por sua vez, engendra quatro filhos: Amsiti, Hapi, Tuemeft e Kevsnef; embora não se especifique com exatidão quem pode ser a mãe, se é que existe tal (há quem dizem que são filhos de Hórus e da sua mãe Ísis). Estes filhos, que acompanharão Osiris nos julgamentos aos mortos, também cuidam dos quatro pontos cardeais e se ocupam de velar pelas necessidades e pela saúde das entranhas de Osíris. Como costuma contar-se em todos os mitos, uma vez passada a primeira época de harmonia, as criaturas terrestres, os seres privilegiados criados pela simples vontade de Ra, deus supremo, levantaram-se contra o seu senhor. Eram as sucessivas lutas à morte entre os inimigos da terra e as comitivas celestiais, lutas tão ferozes que foram desgastando as energias de Ra, até o fazer perder a sua força e babar. Com essa baba caída da sua boca, Ísis formou um barro e com ele construiu o áspide que -colocado no caminho do deus- envenenou Ra. Feito isto, Ísis apresentou-se diante do ferido, prometendo o antídoto em troca de que a divindade revelasse o seu nome secreto. Ra resiste enquanto pode agüentar a dor terrível, e trata em vão de esquivar a resposta, pois sabe que o nome da coisa e o poder sobre ela são uma única coisa. Mas afinal, vencido pela crescente dor, Ra tem que aceitar e dizer ao ouvido de Ísis esse nome que agora também ela vai conhecer, comunicando-lhe com esse ato a sua força total. Uma vez vencido por Ísis, o enfraquecido Ra vai ser também o alvo de outros ataques dos seres humanos, e a sua vingança, através da deusa Sekhmet, a mulher-leoa que encarnava a guerra, é tão terrível que quase termina com a humanidade, embora seja maior o amor que sente pela sua obra criadora, apiedando-se dos açoitados humanos justamente a tempo, ao enviar uma chuva de cerveja vermelha que cobre toda a superfície do planeta, confundindo Sekhmet, que a toma por sangue e trata de saciar a sua sede de morte com ela, embriagando-se com o vermelho líquido de tal maneira que deixa de executar a sentença de morte que Ra tinha decretado para os humanos. Depois deste ato de compaixão para com os seus desagradecidos filhos da Terra, Ra retira-se para sempre de todo o relacionado com os assuntos de governo, cedendo ao filho do seu filho Chu, o bom Geb, representante divino do planeta, o poder sobre o globo terrestre e quem sobre ele habita, pessoas, animais ou vegetais, mas sem o abandonar à sua sorte, dado que Ra se compromete a ajudá-lo com os seus conselhos e perpétua vigilância. Já conhecemos Tot quando interveio nos pleitos divinos entre Osíris, Hórus e Set, levando a sua arbitragem ao tribunal dos deuses, mas fica por definir a sua origem, o seu poder, dado que ele era o ser que reinava sobre todo o Universo com a sua sabedoria e punha nele a ordem. O grande Tot é identificado com a posse de todos os conhecimentos mágicos e considerado inventor da palavra, criador da escritura, o ser superior que manejava os conceitos e possuía, pois, o poder sobre os seres e as coisas inanimadas. Por essa ordem, era o deus natural dos muito importantes e onipresentes escribas de Egito, o grupo dos mais significados funcionários de todo o reino, dos homens que contavam e relacionavam todos os atos, os que catalogavam as posses de reis e senhores, e os que narravam as crônicas de cada época. Tot, por sua parte, estava encarregado, como escriba, em fazer a relação dos reis presentes, passados e futuros. Ele conhecia o destino dos rebentos reais e apontava qual deles reinaria pela vontade dos deuses sobre todo o império do Nilo e quanto duraria o seu feliz reinado. Tot determinava assim tudo o que estava escrito (pela sua própria mão) que devia suceder, ele era a personificação do destino omnisciente. Desposado com Maat, deusa da justiça e filha de Ra, formava um casal que compreendia todo o âmbito da justiça, pois ele exercia-a sobre os deuses e os seres vivos, e Maat presidia o julgamento dos mortos, junto com Osíris. Também se apresenta Tot casado com outras duas esposas de ascendência divina, Seshet e com Nahmauit, e era considerado o pai de outros dois deuses menores, Hornub, filho havido com a primeira, e NeferHor, na sua união com a segunda, e gozava de um mês com o seu nome, consagrado a ele, situado no princípio de cada ano. Se importante era a alma universal de Tot, Amon converteu-se no rei dos deuses a partir da capitalidade de Tebas, no poder divino aos faraós e no deus único e oficial do Egito, substituindo-se a partir do trono o culto ao cansado e enfraquecido Ra no transporte do disco solar ao longo do arco celestial. Amon, com um critério coerente com a importância do astro solar, passou a ser o deus da vida, da criação, da fertilidade. Quando desaparecia no céu visível, Amon passava a iluminar a noite dos mortos, o outro lado da vida. Depois, com o reinado de Amenofis (auto-batizado Akhaenaton), Amon foi substituído por Aton, um derivado do deus criador, Atum, que doador da vida original foi converter-se na representação do sol de Poente e de lá, por vontade do faraó, no deus único. Mas ainda mudando de nome continuava a ser o mesmo deus solar, e pouco custou -após a morte do herege rei Akhaenaton- devolver-lhe o velho nome e as antigas atribuições, para recuperar a sua identidade inicial de Amon e ultrapassar os limites do império egípcio, sendo adotado como deus supremo nos povos vizinhos da Líbia, Núbia e Etiópia, convertendo-se em deus oracular no seu grande templo situado no meio das arenas desérticas da Líbia. O grande Amon, casado com a deusa Mut, teve um filho, Jons, que passou de ser uma divindade lunar secundária para converter-se em permanente acompanhante do seu pai nas diárias travessias a bordo da barca solar. Com Mut e Jons, completa-se o panteão tebano e fecha-se completamente a sagrada trindade dos deuses de Tebas, à semelhança do trio formado por Osíris, Ísis e Hórus. Se grande era o poder dos deuses e quase tanto o dos seus designados, os faraós, o mundo da morte era, em definitiva, o que governava a vida dos humanos, dado que toda a vida se orientava a cumprir com o custoso rito do enterramento, da preservação do corpo do defunto e do reunião dos muitos bens que deviam acompanhá-lo na sua marcha para a vida eterna. Além de todo este cortejo de móveis, barcas rituais, imagens do morto, efígies dos deuses menores e maiores, alimentos, livros de orações e conselhos, devia permanecer o corpo, tão intacto como se soubesse fazer, porque ainda não se tinha chegado a abstrair a idéia da "alma", e só se identificava a possibilidade da vida após a morte com a conservação do aspecto humano. Por isso, nos enterros mais privilegiados conservavam-se embalsamadas por separado, junto da múmia igualmente embalsamada, as vísceras do defunto, dado que não resultava possível, pela sua rápida deterioração, mantê-las dentro do cadáver. Aqui desempenhavam um papel decisivo os quatro filhos de Hórus, dado que -como faziam com as entranhas de Osíris - eles cuidavam do bom estado das vísceras humanas e as protegiam de qualquer perigo que pudesse ameaçá-las. As quatro repartiam as suas funções da seguinte maneira: Amsiti estava ao cuidado da vasilha que continha o fígado; Hapi velava pela urna onde se encontrava o pulmão; Tuemeft vigiava o estômago do defunto; e, finalmente, Kebsnef cuidava do vaso no qual se conservavam os intestinos. Mas os quatro filhos de Hórus não estavam sozinhos nestas transcendentais tarefas de ultra-tumba, dado que Ísis acompanhava Amsiti; Neftis estava com Hapi; Tuemeft cumpria a sua missão junto de Neith, a deusa das águas do Nilo; e Selket, divindade do Delta e que tinha criado o grande Ra, estava com Kebsnef. Osíris, com Hórus, Tot e Maat e os seus quarenta e dois assessores especializados nas quarenta e duas faltas que deviam ser calibradas, (sete vezes seis, um número duplamente mágico), presidia as cerimônias do estrito julgamento dos mortos. Ante ele eram pesadas as boas e as más obras do defunto, a alma ou resumo da sua vida, e julgava-se essa relação de pecados ou virtudes. Mas não terminava o trâmite com a pesagem e defesa do defunto; após essa primeira parte, se passava a contrastar se o exposto tinha sido certo e tudo o julgável tinha sido trazido à luz.
A veracidade do julgamento da alma era verificada com a pesagem minuciosa e precisa do coração, colocado na balança diante de uma leve pena, e bastava que esse coração fosse o que inclinasse a balança para o seu lado para que se condenasse o morto na verdadeira prova final, sendo condenado a padecer todos os sofrimentos possíveis, imobilizado na escuridão da sua tumba ou imediatamente o seu corpo devorado por uma aterradora divindade, Tueris, uma criatura com cabeça de crocodilo e corpo de hipopótamo que aguardava pacientemente o mentiroso. Se tudo estava a favor do defunto, Osíris premiava-o com o renascimento e a passagem para a vida eterna. Mas junto dele estavam outras duas divindades especializadas no ciclo da morte: Anúbis, filho de Neftis e Osíris, embora criado e educado por Ísis, e Upuaut, um antigo deus da guerra. Os dois aparecem sempre com cabeça de chacal, ou de cão (especialmente Anúbis) acompanhando Osíris no transe do julgamento como seus primeiros auxiliares. Eram dois seres acostumados a cuidar dos mortos, um por ter ajudado no seu dia a embalsamar o cadáver de Osíris, e o outro por ter tido que fazê-lo em tantas ocasiões, quando guiava as expedições guerreiras e devia cumprir o ritual com os seus guerreiros falecidos em combate. Embora fundamental para a vida em Egito, o grande rio, o Nilo, nunca chegou a ter uma divindade que o representasse no panteão nacional em igualdade de condições com os outros deuses, e só contou com o deus Hapi, que não era o mesmo que oficiava como filho de Hórus, dado que este tinha rasgos híbridos de mulher e de homem e luzia roupas de barqueiro do rio, tendo a sua morada numa caverna próxima da primeira catarata, a mais de mil quinhentos quilômetros da foz. Outras partes do rio tiveram quase mais importância do que Hapi, como foi o caso da grande corrente de água que conformava o rio - Satis - representada por uma mulher tocada com a tiara branca do alto Nilo e o arco e as flechas nas suas mãos, que era esposa da divindade da primeira catarata - Jnum - um deus com cabeça de carneiro, embora haja que precisar que foram quatro os diferentes Jnum venerados sobre as águas do Nilo. Também era esposa do Jnum da primeira catarata a deusa Anukit, a divindade que representava o estreitamento do rio à sua passagem pelas gargantas rochosas de Filae e Siena, ou o deus dos lagos -Hersef- que aparecia aos homens com o corpo de um homem e a cabeça de um borrego. Sabek, com cabeça de crocodilo, era a divindade das inundações benfeitoras, filho da deusa Neith, protetora das terras fecundas do Delta. Para as terras secas do Egito existia também uma divindade masculina específica, Minu, relacionada com a proteção dos viajantes que cruzavam as solitárias e calorosas arenas do deserto, e também encarregado da fecundidade dos campos e do gado. Nejbet, como mulher tocada com a tiara branca, ou em forma de abutre que voava sobre a cabeça dos reis, era a deusa protetora do Alto Egito. Hathor, além de ser a vaca criadora de tudo o visível e a protetora das mulheres e a maternidade, também estava situada no limite entre as terras férteis e as secas, oferecendo das figueiras a água e o pão aos mortos que se aproximavam do seu terreno para fazer-lhes saber que eram bem-vindos. Se a alegre e feliz Hathor tinha a forma de uma vaca, o seu animal companheiro devia ser o muito relevante deus Ápis, o boi divino adorado desde os primeiros tempos da existência do Egito, embora não chegasse à sua categoria celestial. Não é de admirar esta representação animal dado que todos os deuses egípcios tinham uma característica animal que geralmente portavam nas suas figurações em lugar da cabeça humana, quer fosse uma de falcão, como no caso de Hórus; de chacal ou cão, como a que distinguia Anúbis; de leoa, como a que personificava a deusa Sekhmet; de vaca, como às vezes levavam Ísis e Neftis; de bode, como podiam luzir Ra e Osíris; a cabeça de gato que diferenciava Bast e Mut; a de ganso que era a de Amon; o íbis e o macaco que encarnavam o supremo Tot; o escorpião que representava o espírito da deusa Selket, ou o fênix triunfal, que era a melhor forma de dar a conhecer a eternidade da alma dos dois grandes deuses Ra e Osíris. Mas o boi Ápis era um verdadeiro animal, selecionado entre os seus congêneres de acordo com umas marcas sagradas que deviam exibir, para servir de centro do seu culto; era cuidado no seu templo de Mênfis durante vinte e cinco anos, se chegasse a alcançar tal idade, depois era afogado e mumificado, para dar lugar ao seu sucessor. Mas junto da magnificência do boi Ápis, não há que esquecer o escaravelho sagrado, o Jepri, representação viva e múltipla do deus do sol e venerado em todos os cantos do Egito, sendo uma das representações mais freqüentes da divindade solar, que faz parte essencial da civilização egípcia e que está imortalizado entre os signos escolhidos para a linguagem escrita. Como pudemos ver, na envolvente da muito importante civilização egípcia se gera grande parte dos conhecimentos que vão fazer parte das culturas mediterrâneas. Como é natural, também no Egito nascem grande parte dos mitos recolhidos posteriormente pelos povos próximos, por hebreus e cristãos na Bíblia e pelos muçulmanos no Corão. Egito é o berço da gênese hebraica, é a primeira cultura que trata de sintetizar a criação do mundo e o seu barro original, é aceita para explicar também os diferentes credos que se elaboram a partir do seu. Egito é, sobretudo, o berço indiscutível do monoteísmo, do futuro deus único; do Egito, esta proposta sai para o norte com os hebreus que viviam e trabalhavam para os faraós; os cristãos retomam-na e os muçulmanos elaboram-na com novos dados, conservando o núcleo dos relatos bíblicos e acrescentando os elementos cristãos posteriores na sua singular recopilação do relato dos livros santos; também lá, com Set e Osíris, está a origem do mito de Caim e Abel como o vai estar o de Maria, nos primeiros séculos do cristianismo, da diocese de Alexandria, como mãe do menino Jesus, à qual se passa a denominar Rainha dos Céus, aproveitando o fervor que esta imagem levanta nos fiéis egípcios, mantendo-a igual a Ísis quando era adorada com o seu filho-irmão Osíris nos braços como prova do seu contínuo renascimento. Ainda mais importante: a vida depois da morte é outra das grandes idéias, talvez a fundamental, sobre as quais gira o espírito religioso egípcio, e essa promessa de vida eterna de uma melhor vida para os justos. Se se quer encontrar a melhor aportação da mitologia egípcia às religiões posteriores, há que procurá-la na grande esperança que implica o seu sistema de julgamento dos seres humanos. A recompensa imensa que os sucessivos deuses únicos (Jeová, a Trindade, Alá) vão oferecer aos hebreus, aos cristãos e aos muçulmanos, é a mesma que se descreve no Egito com o relato do julgamento de Osíris e a possibilidade da eternidade feliz; ao sair do seu contexto faraônico original democratiza-se e torna-se acessível a todos os fiéis por igual, ou mais concretamente, é oferecida com maior segurança a quem mais sofre, a quem menos possuí e desfruta nesta vida terrena, sendo a de Osíris a primeira idéia que o homem forja sobre a existência de um ser superior que tem que julgar os méritos e deméritos de cada um de nós. Com Osíris estão os seus quarenta e dois assessores, e deles nasce e fortalece-se a idéia do pecado estabelecido, a regra da religião exata e canônica, que toma corpo nos livros que no futuro querem ser norma inapelável. Para os cristãos, as tríades dos deuses egípcios (Osíris, Ísis e Hórus, ou Amon, Mut e Jons) consolidam-se e mantêm-se no conceito trinitário do seu deus. Egito, inicialmente isolado pelo deserto e pelos terrenos pantanosos do Delta, abre-se aos gregos e aos romanos e, através de Roma, a sua última dominadora, após a guerra entre os dois grandes rivais na luta pelo Império, Julius Caesar e Marcus Antonius, junto de Cleópatra, a rainha grega dos últimos dias da sua existência independente e grandiosa, termina por exportar para o Oriente próximo e para o Ocidente inteiro a base do seu ideário mítico, quando parece que o seu poder já se extinguiu para sempre.
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A arte Egípcia surgiu a mais de 3000 anos A.C., mas é entre 1560 e 1309 A.C. que a pintura Egípcia se destaca em procurar refletir os movimentos dos corpos e por apresentar preocupação com a delicadeza das formas.

O local a ser trabalhado primeiramente recebia um revestimento de gesso branco e em seguida se aplicava a tinta sobre gesso. Essa tinta era uma espécie de cola produzida com cores minerais.

Os egípcios ao esculpir e pintar tinham o propósito de relatar os acontecimentos de sua época, as histórias dos Faraós, deuses e do seu povo em menor escala, já que as pessoas não podiam ser representadas ao lado de deuses e nem dentro de templos. Provavelmente eles não tiveram a intenção de nos deixar a "arte" de seus criadores.

O tamanho das pessoas e objetos não caracterizavam necessariamente a distância um do outro e sim a importância do objeto, o poder e o nível social.

Os valores dos egípcios eram eternos e estáveis. Suas leis perduraram cerca de 6.000 anos. O Faraó representava os homens junto aos deuses e os deuses junto aos homens, assim como era responsável pelo bem-estar do povo, sendo considerado também como um próprio Deus.

Arte e arquitetura do Egito, edifícios, pinturas, esculturas e artes aplicadas do antigo Egito, da pré-história à conquista romana no ano 30 a.C. A história do Egito foi a mais longa de todas as civilizações antigas que floresceram em torno do Mediterrâneo, estendendo-se, quase sem interrupção, desde aproximadamente o ano 3000 a.C. até o século IV d.C.
A natureza do país — desenvolvido em torno do Nilo, que o banha e fertiliza, em quase total isolamento de influências culturais exteriores — produziu um estilo artístico que mal sofreu mudanças ao longo de seus mais de 3.000 anos de história. Todas as manifestações artísticas estiveram, basicamente, a serviço do estado, da religião e do faraó, considerado como um deus sobre a terra. Desde os primeiros tempos, a crença numa vida depois da morte ditou a norma de enterrar os corpos com seus melhores pertences, para assegurar seu trânsito na eternidade.
A regularidade dos ciclos naturais, o crescimento e a inundação anual do rio Nilo, a sucessão das estações e o curso solar que provocava o dia e a noite foram considerados como presentes dos deuses às pessoas do Egito. O pensamento, a cultura e a moral egípicios eram baseados num profundo respeito pela ordem e pelo equilíbrio. A arte pretendia ser útil: não se falava em peças ou em obras belas, e sim em eficazes ou eficientes.
O intercâmbio cultural e a novidade nunca foram considerados como algo importante por si mesmos. Assim, as convenções e o estilo representativos da arte egípcia, estabelecidos desde o primeiro momento, continuaram praticamente imutáveis através dos tempos. Para o espectador contemporâneo a linguagem artística pode parecer rígida e estática. Sua intenção fundamental, sem dúvida, não foi a de criar uma imagem real das coisas tal como apareciam, mas sim captar para a eternidade a essência do objeto, da pessoa ou do animal representado.

Período pré-dinástico

Os primeiros povoadores pré-históricos assentaram-se sobre as terras ou planaltos formados pelos sedimentos que o rio Nilo havia depositado em seu curso. Os objetos e ferramentas deixados pelos primeiros habitantes do Egito mostram sua paulatina transformação de uma sociedade de caçadores-catadores seminômades em agricultores sedentários. O período pré-dinástico abrange de 4000 a.C. a 3100 a.C., aproximadamente.

Antigo Império

Durante as primeiras dinastias, construíram-se importantes complexos funerários para os faraós em Abidos e Sakkara. Os hieróglifos (escrita figurativa), forma de escrever a língua egípcia, encontravam-se então em seu primeiro nível de evolução e já mostravam seu caráter de algo vivo, como o resto da decoração.
Na III dinastia, a capital mudou-se para Mênfis e os faraós iniciaram a construção de pirâmides, que substituíram as mastabas como tumbas reais. O arquiteto, cientista e pensador Imhotep construiu para o faraó Zoser (c. 2737-2717 a.C.) uma pirâmide em degraus de pedra e um grupo de templos, altares e dependências afins. Deste período é o famoso conjunto monumental de Gizé, onde se encontram as pirâmides de Quéops, Quéfren e Miquerinos.
A escultura caracterizava-se pelo estilo hierático, a rigidez, as formas cúbicas e a frontalidade. Primeiro, talhava-se um bloco de pedra de forma retangular; depois, desenhava-se na frente e nas laterais da pedra a figura ou objeto a ser representado. Destaca-se, dessa época, a estátua rígida do faraó Quéfren (c. 2530 a.C.).
A escultura em relevo servia a dois propósitos fundamentais: glorificar o faraó (feita nos muros dos templos) e preparar o espírito em seu caminho até a eternidade (feita nas tumbas).
Na cerâmica, as peças ricamente decoradas do período pré-dinástico foram substituídas por belas peças não decoradas, de superfície polida e com uma grande variedade de formas e modelos, destinadas a servir de objetos de uso cotidiano. Já as jóias eram feitas em ouro e pedras semipreciosas, incorporando formas e desenhos, de animais e de vegetais.
Ao finalizar a VI dinastia, o poder central do Egito havia diminuído e os governantes locais decidiram fazer as tumbas em suas próprias províncias, em lugar de serem enterrados perto das necrópoles dos faraós a quem serviam. Desta dinastia data a estátua em metal mais antiga que se conhece no Egito: uma imagem em cobre (c. 2300 a.C.) de Pepi I (c. 2395-2360 a.C.).

Médio Império

Mentuhotep II, faraó da XI dinastia, foi o primeiro faraó do novo Egito unificado do Médio Império (2134-1784 a.C.). Criou um novo estilo ou uma nova tipologia de monumento funerário, provavelmente inspirado nos conjuntos funerários do Antigo Império. Na margem oeste do Tebas, até o outro lado do Nilo, no lugar denominado de Deir el Bahari, construiu-se um templo no vale ligado por um longo caminho real a outro templo que se encontrava instalado na encosta da montanha. Formado por uma mastaba coroada por uma pirâmide e rodeado de pórticos em dois níveis, os muros foram decorados com relevos do faraó em companhia dos deuses.
A escultura do Médio Império se caracterizava pela tendência ao realismo. Destacam-se os retratos de faraós como Amenemés III e Sesóstris III.
O costume entre os nobres de serem enterrados em tumbas construídas em seus próprios centros de influência, em vez de na capital, manteve-se vigente. Ainda que muitas delas estivessem decoradas com relevos, como as tumbas de Asuán, no sul, outras, como as de Beni Hassan e El Bersha, no Médio Egito, foram decoradas exclusivamente com pinturas. A pintura também decorava os sarcófagos retangulares de madeira, típicos deste período. Os desenhos eram muito lineares e mostravam grande minúcia nos detalhes.
No Médio Império, também foram produzidos magníficos trabalhos de arte decorativa, particularmente jóias feitas em metais preciosos com incrustação de pedras coloridas. Neste período aparece a técnica do granulado e o barro vidrado alcançou grande importância para a elaboração de amuletos e pequenas figuras.

Novo Império

O Novo Império (1570-1070 a.C.) começou com a XVIII dinastia e foi uma época de grande poder, riqueza e influência. Quase todos os faraós deste período preocuparam-se em ampliar o conjunto de templos de Karnak, centro de culto a Amon, que se converteu, assim, num dos mais impressionantes complexos religiosos da história. Próximo a este conjunto, destaca-se também o templo de Luxor.
Do Novo Império, também se destaca o insólito templo da rainha Hatshepsut, em Deir el Bahari, levantado pelo arquiteto Senemut (morto no ano de 1428 a.C.) e situado diante dos alcantilados do rio Nilo, junto ao templo de Mentuhotep II.
Durante a XIX Dinastia, na época de Ramsés II, um dos mais importantes faraós do Novo Império, foram construídos os gigantescos templos de Abu Simbel, na Núbia, ao sul do Egito.
A escultura, naquele momento, alcançou uma nova dimensão e surgiu um estilo cortesão, no qual se combinavam perfeitamente a elegância e a cuidadosa atenção aos detalhes mais delicados. Tal estilo alcançaria a maturidade nos tempos de Amenófis III.
A arte na época de Akhenaton refletia a revolução religiosa promovida pelo faraó, que adorava Aton, deus solar, e projetou uma linha artística orientada nesta nova direção, eliminando a imobilidade tradicional da arte egípcia. Deste período, destaca-se o busto da rainha Nefertiti (c. 1365 a.C.).
A pintura predominou então na decoração das tumbas privadas. A necrópole de Tebas é uma rica fonte de informação sobre a lenta evolução da tradição artística, assim como de excelentes ilustrações da vida naquela época.
Durante o Novo Império, a arte decorativa, a pintura e a escultura alcançaram as mais elevadas etapas de perfeição e beleza. Os objetos de uso cotidiano, utilizados pela corte real e a nobreza, foram maravilhosamente desenhados e elaborados com grande destreza técnica. Não há melhor exemplo para ilustrar esta afirmação do que o enxoval funerário da tumba (descoberta em 1922) de Tutankhamen.

Época tardia

Em Madinat Habu, perto de Tebas, na margem ocidental do Nilo, Ramsés III, o último da poderosa saga de faraós da XX dinastia, levantou um enorme templo funerário (1198-1167 a.C.), cujos restos são os mais conservados na atualidade.
O rei assírio Assurbanipal conquistou o Egito, convertendo-o em província assíria até que Psamético I (664-610 a.C.) libertou o país da dominação e criou uma nova dinastia, a XXVI, denominada saíta. Desse período, destacam-se os trabalhos de escultura em bronze, de grande suavidade e brandura na modelagem, com tendência a formas torneadas. Os egípcios tiveram então contato com os gregos, alguns dos quais haviam servido em seu exército como mercenários, e também com os judeus, através de uma colônia que estes tinham no sul, perto de Asuán.
A conquista do país por Alexandre Magno, em 332 a.C., e pelos romanos, no ano 30 a.C., introduziu o Egito na esfera do mundo clássico, embora persistissem suas antigas tradições artísticas. Alexandre (fundador da cidade de Alexandria, que se converteu num importante foco da cultura helenística) e seus sucessores aparecem representados em relevo nos muros dos templos como se fossem autênticos faraós — e num claro estilo egípcio, e não clássico. Os templos construídos durante o período ptolomaico (helênico) repetem os modelos arquitetônicos tradicionais do Egito.[1]

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