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terça-feira, 15 de maio de 2012

CUBISMO

Cubismo
Guernica - Picasso Maçã Pera Uva Amitite - Picasso Árvore - Picasso A Supricante - Picasso
Atelier de Cezanne Baigneuses
Cezanne
Boccioni - Auto Retrato Dinamismo - Boccioni Volume Horizontal - Boccioni
Femme - Cezanne Funeral Anarquista - Carra Garrafa - Picasso Lanceiros - Boccioni Mulher no Espelho - Degas
Mulher no Balcão - Carras Cubismo - Picasso São José 1880 Sequências Dinâmicas Tete Domo - Picasso
Trem Blindado Trem Suburbano Paris

Picasso

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Picasso
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Picasso

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Picasso Picasso Picasso Picasso Picasso
       
Picasso        

CUBISMO
Movimento artístico personificado em Pablo Picasso e Georges Braque, em Paris entre os anos de 1907 e 1914, principalmente, que tinha por fim "descompor e recompor a realidade". O estilo cubista das artes plásticas rejeitou as técnicas tradicionais de perspectiva bem como a ideia de arte como imitação da natureza e privilegiou a bidimensionalidade e a fragmentaridade dos objectos. O nome cubismo tem uma história conhecida: o pintor francês Henri Matisse fez parte de um júri da exposição do Salão de Outono de Paris (1908), onde estava exposto o quadro de Braque Maisons à l'Estaque, que lhe mereceu o qualificativo de "caprichos cúbicos". O quadro que definitivamente afirmou o estilo cubista foi, no entanto, Les Demoiselles d'Avignon (1907), de Picasso. O período de 1910 a 1912 é conhecido por cubismo analítico, porque os quadros entretanto revelados analisam abstractamente, desafiando todos os cânones, a forma dos objectos e das figuras humanas. O movimento fica consolidado com duas obras teóricas: Du cubisme (1912), de Albert Gleizes e Jean Metzinger, e Les peintres cubistes (1913), de Guillaume Apollinaire. A fase seguinte é conhecida por cubismo sintético, porque se busca uma síntese das formas, apoiadas por cores fortes, e figuras mais decorativas e amplas, aproveitando também colagens de vários materiais como jornais, fotografias, ou invólucros de tabaco. Estava aberto o caminho para a anulação do limite do real na pintura.
            O cubismo pictórico estendeu-se a outras artes como a escultura (Alexander Archipenko, Raymond Duchamp-Villon e Jacques Lipchitz, a arquitectura (Le Corbusier) e a literatura. Neste campo, vários escritores se associam ao movimento plástico, como Max Jacob, André Salmon e sobretudo Apollinaire. O cubismo literário afirma-se a partir de um artigo de Georges Polti, aparecido na revista Horizon (15-11-1912) e durará até 1920, sendo divulgado em várias revistas literárias. Tornam-se obras de referência do cubismo literário títulos como Le Cornet à dés (1917), de Max Jacob, Espirales (1918), de P. Dermée, Calligrames (1918), de Apollinaire, e Le Cap de Bonne-Espérance (1919), de J. Cocteau.
Em Portugal (mas vivendo em Paris), Santa-Rita Pintor descobre a nova estética expondo o seu quadro O Silêncio num Quarto sem Móveis, no Salão dos Independentes em Paris. Mário de Sá-Carneiro, companheiro de Santa-Rita em Paris,  é o primeiro a atentar no cubismo literário e artístico, escrevendo alguns versos segundo os preceitos desta estética. A primeira vez que se lhe refere é numa carta a Fernando Pessoa: "No entanto, confesso-lhe, meu caro Pessoa, que, sem estar doido, eu acredito no cubismo. Quero dizer: acredito no cubismo, mas não nos quadros cubistas até hoje executados. Mas não me podem deixar de ser simpáticos aqueles que, num esforço, tentam em vez de reproduzir vaquinhas a pastar e caras de madamas mais ou menos nuas — antes, interpretam um sonho, um som, um estado de alma, uma deslocação de ar, etc. Simplesmente levados a exageros de escola, lutando com as dificuldades duma ânsia que, se fosse satisfeita, seria genial, as suas obras derrotam, espantam, fazem rir os levianos. Entretanto, meu caro, tão estranhos e incompreensíveis são muitos dos sonetos admiráveis de Mallarmé. E nós compreendemo-los. Porquê? Porque o artista foi genial e realizou a sua intenção. Os cubistas talvez ainda não a realizassem. Eis tudo." (Cartas a Fernando Pessoa, vol.I, Ática, Lisboa, 1978, p.80). Fica ainda o registo do célebre comentário de Sá-Carneiro à catedral da Sagrada Família, em Barcelona, que classifica como uma "Catedral Paúlica (...) Sim! Pleno paulismo — quase cubismo até". Sá-Carneiro deixou-nos em Indícios de Oiro alguns versos que são já verdadeira poesia cubista, como o poema "Cinco Horas" que contém quadras como estas:
Minha mesa no Café,
Quero-lhe tanto... A garrida
Toda de pedra brunida
Que linda e que fresca é!
Um sifão verdade no meio
E, ao seu lado, a fosforeira
Diante ao meu copo cheio
Duma bebida ligeira.
(Eu bani sempre os licores
Que acho pouco ornamentais:
Os xaropes têm cores
Mais vivas e mais brutais).
Em comentário a este poema, Alfredo Margarido nota que "não é difícil reconhecer a analogia com a pintura cubista, que fez do café, do seu mobiliário e dos objectos que aí circulam o centro vital da sua busca plástica. Por outro lado, o poema de Sá-Carneiro pertence a um registo inteiramente visual, como se o poeta estivesse a elaborar um desenho onde o carvão fosse alegrado pelas cores dos xaropes" (1990, p.101).
Fernando Pessoa esteve igualmente atento a este nova estética, embora sem a adoptar como modelo de escrita. Registam-se apenas alguns comentários e raros versos soltos próximos do cubismo. Em 1915, Pessoa escreve um "Manifesto", onde regista as diferenças entre "cubismo", "interseccionismo" e "futurismo": "Intersecção do Objecto consigo próprio: cubismo. (Isto é, intersecção dos vários aspectos do mesmo Objecto uns com os outros). Intersecção do Objecto com as ideias objectivas que sugere: Futurismo. Intersecção do Objecto com a nossa sensação d'ele: Interseccionismo, propriamente dito; o nosso." (in Pessoa Inédito, orientação, coordenação e prefácio de Teresa Rita Lopes, Livros Horizonte, Lisboa, 1993). Álvaro de Campos, num dos poemas dedicados a Walt Whitman, "Futilidade, irrealidade, (...) estática de toda a arte" (s.d.), esboça um poema de inspiração cubista:
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Poema que esculpisse em Móvel e Eterno a escultura,
Poema que (...)se palavras
Que (...) ritmo o canto, a dança e (...)
Poema que fosse todos os poemas,
Que dispensasse bem outros poemas,
Poema que dispensasse a Vida.
Irra, faço o que quero, estorça o que estorça no meu ser central,
Force o que force em meus nervos industriados a tudo,
Maquine o que maquine no meu cérebro furor e lucidez,
Sempre me escapa a coisa em que eu penso,
Sempre me falta a coisa que (...) e eu vou ver se me falta,
Sempre me falta, em cada cubo, seis faces,
Quatro lados em cada quadrado do que quis exprimir,
Três dimensões na solidez que procurei perpetuar...
Sempre um comboio de criança movido a corda, a corda,
Terá mais movimento que os meus versos estáticos e lidos,
Sempre o mais verme dos vermes, a mais química célula viva
Terá mais vida, mais Deus, que toda a vida dos meus versos,
Nunca como os duma pedra todos os vermelhos que eu descreva,
Nunca como numa música todos os ritmos que eu sugira!
Nunca como (...)
Eu nunca farei senão copiar um eco das coisas,
O reflexo das coisas reais no espelho baço de mim.
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 (Álvaro de Campos - Livro de Versos, edição crítica de Teresa Rita Lopes, Estampa, Lisboa, 1993)
De uma forma geral, a literatura cubista entende o poema como um objecto artisticamente autónomo, evitando o descritivo e privilegiando as descontinuidades e a fragmentaridade das ideias e dos versos. Não ordena os registos da memória, não narra o contínuo histórico, não opta por lirismos fáceis, não escreve sobre sentimentalismo amorosos. Graficamente, desafiam as convenções da escrita, não respeitam a gramática nem a prosódia, preferem a paródia da representação tradicional dos objectos.
http://www.fcsh.unl.pt/edtl/bullet3c.gifCALIGRAMA; COLAGEM; CREACIONISMO;  FUTURISMO; MODERNISMO
Bib.: Alfredo Margarido: "O cubismo apaixonado de Mário de Sá-Carneiro", Colóquio-Letras, 117-118 (1990); Annette Thau: "Max Jacob and Cubism", La Révue des Lettres Modernes, 474-478 (1976); Blas Matamoro: "Apollinaire, Picasso y el cubismo poetico", Cuadernos Hispanoamericanos: Revista Mensual de Cultura Hispánica, 492 (1991); C. Gray: Cubist Aesthetic Theories (1953); Cubisme et littérature, número especial de Europe: Revue littéraire mensuelle, nº638-39 (1982); E. Frye: Cubism (1978); Germana Orlandi Cerenza: "Cubismo letterario", in Letteratura francese contemporanea: Le correnti d'avanguardia, ed. por Anjel Jannini Pasquale e Aldo Bertozzi Gabriele (1982); G. Lemaître: From Cubism to Surrealism in French Literature (1941); G. Kamber: Max Jacob and the Poetics of Cubism (1971); G. de Torre: Guillaume Apollinaire. Su vida y su obra y las teorías del cubismo (1946); Jennifer Pap: "The Cubist Image and the Image of Cubism", in The Image in Dispute: Art and Cinema in the Age of Photography ed. por Andrew Dudley (1997); Jeremy Gilbert Rolfe:  "Irreconcilable Similarities: The Idea of Nonrepresentation", in Signs of Change: Premodern, Modern, Postmodern, ed. por Barker Stephen (1996); Leland Guyer: "Fernando Pessoa and the Cubist Perspective", Hispania: A Journal Devoted to the Interests of the Teaching of Spanish and Portuguese, Greeley, CO, 70, 1 (1987); Peter Nicholls: "From Fantasy to Structure: Two Moments of Literary Cubism", Forum for Modern Language Studies, 28, 3 (1992); R. Admussen: "Nord-Sud and Cubist Poetry, JAAC, 27 (1968); Stephen Scobie: "Apollinaire and the Naming of Cubism", Canadian Review of Comparative Literature/Révue Canadiénne de Littérature Compareé, 5 (1978); Uta Margarete Saine: "The Collage in Cubist, Dada, and Surrealist Art and Literature: Toward an Interdisciplinary Aesthetic", Yearbook of Interdisciplinary Studies in the Fine Arts, 1 (1989); W. Bohn: The Aesthetics of Visual Poetry (1914-1928) (1986); W. Sypher: From Rococo to Cubism in Art and Literature (1960).
Carlos Ceia
www.fcsh.unl.pt 
Definição
Movimento artístico cuja origem remonta à Paris e a 1907, ano do célebre quadro de  Pablo Picasso (1881 - 1973), Les Demoiselles d'Avignon. Considerado um divisor de águas na história da arte ocidental, o cubismo recusa a idéia de arte como imitação da natureza, afastando noções como perspectiva e modelagem, assim como qualquer tipo de efeito ilusório. "Não se imita aquilo que se quer criar", dirá Georges Braque (1882 - 1963), outro expoente do movimento. A realidade plástica anunciada nas composições de Braque leva o crítico Louis Vauxcelles a falar em realidade construída com "cubos" no jornal Gil Blas, 1908, o que batiza a nova corrente. Cubos, volumes e planos geométricos entrecortados reconstroem formas que se apresentam, simultaneamente, de vários ângulos nas telas. O espaço do quadro - plano sobre o qual a realidade é recriada - rejeita distinções entre forma e fundo ou qualquer noção de profundidade. Nele, corpos, paisagens e sobretudo objetos como garrafas, instrumentos musicais e frutas, têm sua estrutura cuidadosamente investigada nos trabalhos de Braque e Picasso, tão afinados em termos de projeto plástico que não é fácil distinguir as telas de um e de outro. Mesmo assim, nota-se uma ênfase de Braque nos elementos cromáticos e, de Picasso, em aspectos plásticos. A ruptura empreendida pelo cubismo encontra suas fontes primeiras na obra de Paul Cézanne (1839 - 1906) - e em sua forma de construção de espaços por meio de volumes e da decomposição de planos - e também na arte africana, máscaras, fotografias e objetos. Alguns críticos chamam a atenção para o débito do movimento em relação a Henri Rousseau (1844 - 1910), um dos primeiros a subverter as técnicas tradicionais de representação: perspectiva, relevo e relações tonais.
O cubismo se divide em duas grandes fases. Até 1912, no chamado cubismo analítico, observa-se uma preocupação predominante com as pesquisas estruturais, por meio da decomposição dos objetos e do estilhaçamento dos planos, e forte tendência ao monocromatismo. Em 1912-1913, as cores se acentuam e a ênfase dos experimentos é colocada sobre a recomposição dos objetos. Nesse momento do cubismo sintético, elementos heterogêneos - recortes de jornais, pedaços madeira, cartas de baralho, caracteres tipográficos, entre outros - são agregados à superfície das telas, dando origem às famosas colagens, amplamente utilizadas a partir de então. O nome do espanhol Juan Gris (1887 - 1927) liga-se a essa última fase e o uso do papel-colado torna-se parte fundamental de seu método. Outros pintores se associaram ao movimento: Fernand Léger (1881 - 1955), Robert Delaunay (1885 - 1941), Sonia Delaunay-Terk (1885 - 1979), Albert Gleizes (1881 - 1953), Jean Metzinger (1883 - 1956), Roger de la Fresnaye (1885 - 1925) etc. Na escultura, por sua vez, a pauta cubista marca as obras de Alexander Archipenko (1887 - 1964), Pablo Gargallo (1881 - 1934), Raymond Duchamp-Villon (1876 - 1918), Jacques Lipchitz (1891 - 1973), Constantin Brancusi (1876 - 1957), entre outros. O ano de 1914 remete ao fim da colaboração entre Picasso e Braque e a uma atenuação das inovações cubistas, embora os procedimentos introduzidos pelo movimento estejam na base de experimentos posteriores como os do futurismo, do construtivismo, do purismo e do vorticismo. Desdobramentos do léxico cubista alcançam não apenas as artes visuais, mas também a poesia, com Guillaume Apollinaire (1880 - 1918) e a música, nas criações de Stravinsky.
O cubismo pode ser considerado uma das principais fontes da arte abstrata e suas pesquisas encontram adeptos no mundo todo. No Brasil, influências do cubismo podem ser observados em parte dos artistas reunidos em torno do modernismo de 1922, em alguns trabalhos de Vicente do Rego Monteiro (1899 - 1970), Antonio Gomide (1895 - 1967) e sobretudo na obra de Tarsila do Amaral (1886 - 1973). O aprendizado com André Lhote (1885 - 1962), Gleizes e, sobretudo, com Léger reverbera nas tendências construtivas da obra de Tarsila, em especial na fase pau-brasil. A pintora vai encontrar em Léger, especialmente em suas "paisagens animadas", motivos ligados ao espaço da vida moderna - máquinas, engrenagens, operários das fábricas etc. - e o aprendizado de formas curvilíneas. Emblemáticas do contato com o mestre francês são as telas criadas em 1924, como Estrada de Ferro Central do Brasil e Carnaval em Madureira. Não se pode mencionar o impacto do cubismo entre nós sem lembrar ainda de parte das produções de Clóvis Graciano (1907 - 1988) e de um segmento considerável da obra de Candido Portinari (1903 - 1962), evidente em termos de inspiração picassiana.
www.itaucultural.org.br  
O CUBISMO

O Cubismo foi uma tendência artística moderna, surgida em 1906, segundo a qual, o quadro (ou escultura) devem ser considerados como factos plásticos independentes da imitação directa das formas da Natureza.
A denominação de Cubisme tem origem numa observação feita por Matisse junto de um quadro de uma paisagem de Georges Braque no Salão de Outono de 1908. Cézanne, que nunca renunciara completamente ao uso da perspectiva tradicional, nem a pintar de outro modo que não fosse a partir da Natureza, tinha como princípio que tudo na Natureza podia ser traduzido (abstraído) pelas formas geométricas básicas, como o cilindro, a esfera e o cone. Georges Braque inspirara-se neste princípio, para se exprimir no seu quadro, através de planos fortemente acusados e sem recorrer à técnica do modelado. Matisse referira-se a “petits cubes”, junto ao crítico de arte Louis Vauxcelles, que, viria a utilizar num artigo o termo Cubisme, pela primeira vez.
Pablo Picasso, por seu lado, havia pintado desde 1906/7, sob influência da Arte Negra, Les Demoiselles d’Avignon, uma pintura de simplificações violentas e elementares. (A Arte Negra havia sido descoberta por Maurice Vlaminck e propagandeada pelos Fauves.)

A Origem do Cubismo:

Grupe du Bateau-Lavoir”, o grupo de artistas do Bateau-Lavoir (o lavadouro-flutuante) constituiu-se numa casa da praça Ravignan, em Paris, no bairro de Montmartre, tinha uma escadaria em madeira e no interior algumas particularidades que lhe valeram este nome.
Picasso tinha-a alugado desde 1904.
Picasso, Braque, Juan Gris, Max Jacob e Van Dongen habitaram esta casa onde se deu a invenção do Cubismo.
Fernand Leger juntou-se ao grupo em 1908.
De 1908 a 1914 aí se encontravam também os poetas e os artistas amigos de Guillaume Apollinaire. Guillaume Apollinaire, 1880/1918, foi um poeta e escritor francês que publicou revistas, livros e romances, e ensaios e críticas sobre pintura como les Peintres cubistes em 1913. Publicara em 1911, o “Cortège de Orphée”.
Apollinaire esteve á cabeça das vanguardas do cubismo literário e do cubismo artístico. Introduziu algumas audacias formais, como a supressão da pontuação nos seus poemas e adoptou curiosas disposições tipográficas. Viria a ser precursor do Surrealismo. É considerado o primeiro dos poetas modernos franceses, tendo as suas obras influenciado profundamente a poesia moderna.

Princípios Estéticos:

No Cubismo pretende-se representar os objectos retirando-lhes, abstraindo, a sua “aparência imediata”; a aparência das coisas, e, como adversários da representação directa dos objectos, pretendiam partindo da ciência e dos seus métodos, criar uma arte inteiramente nova, que se dirigisse especialmente á inteligência e ao espírito.
(O Cubismo rejeita os efeitos pictóricos sedutores e a representação de sensações ao modo Impressionista).
O pintor Cubista, representa simultaneamente na tela, vários aspectos de um mesmo objecto, (Simultaneísme: a representação de vários aspectos de um objecto na mesma tela; forma de expressão poética que procura exprimir a multitude fazendo falar ao mesmo tempo, no poema, várias vozes misturadas com os ruídos do mundo; é também uma técnica cinematográfica e de romance), ou seja, representa aquilo que conhece ou entende ser o objecto, e não apenas a imagem óptica desse objecto.
O Cubismo rejeita a representação num espaço pictórico projectado para além do plano do quadro, (como a perspectiva Renascentista, que se baseava num espaço ilusionista para lá do plano da tela), em vez disso, cria um espaço “estreito”, um campo pictórico que aceita a materialidade objectiva da tela, e nesta desenvolve uma superfície onde os objectos plásticos se situam e se interrelacionam. Esta característica virá a marcar profundamente a Arte de todo o século XX.
Em 1912 surge a técnica inovadora da collage, tentando demonstrar que o quadro pode ser um objecto capaz de sensibilizar o observador, apenas pela simples disposição, (com uma certa ordem determinada pelo artista), dos elementos materiais que o compõem; e que, por outro lado, não é necessário que estes elementos tenham qualquer afinidade entre si (areia, vidro, espelho, tecido, etc.), podendo mesmo ser objectos do quotidiano (fragmentos de papel de jornal, papel de parede, etc.), agora investidos com um valor estético.
As letras e os números, quer pintados sobre a tela, quer impressos, bem como as texturas, aparecem como elementos meramente estéticos ou formais, ou ainda como evocadores de outras realidades, literárias, jornalísticas, sociais, etc.
O fundamental é a criação de um “facto plástico”, um Object d’Art, uma situação estética concreta, independente de toda a intenção de imitação.
Após ter início com Braque e Picasso, vieram a aderir ao Cubismo, Fernand Léger em 1908; Robert Delaunay, Gleizes, Le Fauconier, Metzinger, Francis Picabia e o escultor russo Archipenko em 1909; Roger La Fresnaye, Marcoussis, Jacques Villon (Gaston Duchamp) e seu irmão Marcel Duchamp em 1910; a adesão de Juan Gris e a fundação do “Salon de la Section d’Or”, em 1911.
Em 1912, Gleizes e Metzinger publicam o livro Du cubisme e em 1913 Apollinaire publica les Peintres cubistes, méditations esthétiques.
A partir de 1913, o Cubismo difunde-se pela Europa e pela América.
O Cubismo foi um movimento em pintura e escultura, e a sua acção influenciou consideravelmente o gosto e a moda, a partir de 1920, especialmente nas Artes Decorativas.
O Cubismo é um Movimento Abstracionista, ou um Abstracionismo, e não uma Arte figurativa, visto já não se basear directamente na imitação da Natureza, mas, também não será ainda uma Arte Abstracta, porque a Arte do Cubismo se refere ainda a objectos reais, quer formalmente, quer nos próprios títulos que os artistas atribuíram ás suas obras.
O Cubismo está pois a meio caminho entre a Arte Figurativa e a Arte Abstracta, a isso se atribui o termo de Abstracionismo. O Abstracionismo é pois, uma “tendência para a arte não figurativa”.
O Cubismo como movimento de Avant-Garde, dura de 1910 a 1914, e podemos distinguir as seguintes fases:
- Pré-Cubismo ou Fase Cézaniana 1907/9. Influência da obra final de Cézanne, especialmente as suas paisagens na obra de Picasso e Braque, (“les petits cubes”). Esta fase é anterior ao Movimento Cubista.
1º- Cubismo Analítico 1910/13. Vistas simultâneas em várias posições dos objectos, fragmentação dos objectos; cores escuras, cinzentos e castanhos pintados em planos angulosos; experimentalismo, introdução de letras e números, inicialmente pintados e mais tarde em papeis colados sobre a tela, o papier collé em 1912 (a invenção desta técnica deve-se a Matisse); mais tarde introdução de outros materiais e texturas, a collage.
2º- Cubismo Sintético 1913/14. A pintura perde o caracter fragmentário para que as várias partes e texturas se submetam a uma composição global, reintrodução da cor.
Período Azul:
Logo após chegar a Paris vindo de Barcelona, Picasso começa a pintar telas em que o tom azul é dominante ou surge espalhado pela tela. Este pigmento evoca um ambiente sombrio, que foi provocado pelo suicidio do seu amigo Casagemas. O período azul é muito sentimental, mas Picasso não tinha ainda vinte anos, encontrava-se longe de casa pela primeira vez e vivia com dificuldades
Período Rosa:
Em 1905-6 a paleta de Picasso torna-se muito mais clara, tomando um distintivo tom rosa ou bege. Os temas são menos sombrios e depressivos. Aparecem aqui as primeiras pinturas com artistas de circo e palhaços que virão a reaparecer esporadicamente ao longo de toda a carreira do pintor.
Cubismo Analítico:
Em 1910, Picasso e Braque desenvolvem o Cubismo como um modo de expressão inteiramente novo. Na fase inicial, conhecida como Cubismo Analítico, os objectos são desmontados nos seus componentes. Nalguns casos, isto era um modo de representar vários pontos de vista simultaneamente; noutras obras, era um modo de visualmente representar os factos relativos ao objecto, em vez da sua limitada representação mimética. O objectivo do Cubismo Analítico era o de produzir uma imagem conceptual de um objecto em vez da sua imagem perceptiva ou visual. No seu ponto mas alto, atingiu níveis de expressão que ameaçam ultrapassar a compreensão do observador, “contemplando o abismo da abstracção”, Picasso, piscou os olhos... e recomeçou a colocar as peças no sítio.
Cubismo Sintético:
Em 1912, Picasso leva a representação conceptual do Cubismo á sua conclusão lógica, através da incorporação de um bocado de pano na tela. Isto foi um momento capital para a arte moderna. Através da inclusão do mundo real na pintura, Picasso e Braque abriram o caminho para uma exploração do significado da Arte que marcaria todo o século.
Entre as guerras:
Com a Primeira Grande Guerra a colaboração entre Picasso e Braque termina. Após a Guerra, Picasso reflectindo a desilusão e o choque da sociedade com os seus horrores tecnológicos, retoma um modo de representação classicista. Ao mesmo tempo, no entanto, continua a explorar os caminhos do Cubismo. Nos anos trinta Picasso aproxima-se do Movimento Surrealista, mas apesar do convite de André Breton, Picasso manter-se-á afastado durante a sua vida, de qualquer movimento organizado de avant-garde.
Picasso, um mito:
Nos finais dos anos 30, Picasso é o mais famoso pintor do mundo. Pinta a brutalidade da agressão Fascista na guerra Civil Espanhola na sua monumental “Guernica” e as mulheres de Picasso marcam fortemente a sua presença na sua obra.
Obras finais:
Nas duas ultimas décadas da sua longa carreira, Picasso torna-se muito produtivo, executando várias obras no mesmo dia que indica com o dia e o mês e um numero (I, II, III, etc.). O período final de Picasso caracteriza-se por uma expressão artística pessoal conseguida quase sem esforço, mas executando obras de grande qualidade. Veja-se o seu ultimo auto-retrato como um tremendo comentário á nossa própria mortalidade.

Influencias do Cubismo em França:

- Orfismo ou Cubismo Orfico, Simultanéisme, fundado por Sónia e Robert Delaunay em 1912/14.
- Section d’Or, em Paris, 1911. A Section d’Or foi um movimento cubista que expôs pela primeira vez em 1912, incluindo Robert Delaunay, mas não os dois fundadores do Cubismo, Picasso e Braque. Os seus principais intérpretes foram Gleizes e Metzinger. O titulo foi sugerido por Jacques Villon, “Secção de Ouro” a partir de um tratado de pintura do século XVI.
- Purismo, movimento de cubismo sintético fundado em 1915 pelos pintores Amédée Ozenfant e Charles Edouard Jeanneret (mais conhecido como arquitecto sob o pseudónimo de Le Corbusier). Publicaram um manifesto intitulado Après le Cubisme em 1918. O Purismo foi uma tentativa de reformar uma fase mais tardia do Cubismo, mais decorativista, pelo retorno a uma linguagem formal mais simples e utilizando formas básicas extremamente genéricas.
- École de Paris, a designação de Escola de Paris refere-se geralmente aos pintores pós-cubistas que assimilaram este estilo, e que sendo de origem estrangeira se fixaram em Paris. É uma designação geracional e não estilística. Atribui-se algumas vezes ao seu estilo o nome de Abstraccionismo lírico. Arpad Szenes e Vieira da Silva pertencem á Escola de Paris.

Influencias do Cubismo na Europa e nos E.U.A.:

- Futurismo, movimento fundado em 1909/16 pelo poeta Italiano Filippo Marinetti, que incluía Umberto Boccioni, Carlo Carrà, Luigi Russolo, Giacomo Balla, Gino Severini e o arquitecto Sant-Elia (A influência Cubista é importante apenas numa primeira fase).
- Cubo-Futurismo, movimento Futurista Russo fundado por Mikhail Larionov, Natalia Goncharova e Kasimir Malevich (mais tarde Vladimir Tatlin) em 1911/14. Tem origem no grupo "Valete de Ouros" (do russo Bubnovii Valet), fundado em Moscovo e que expôs pela primeira vez em 1910 e onde se incluíam obras de Delaunay e Léger.
- Escola de Nova Iorque, os artistas americanos deste grupo foram bastante influenciados pela obra de Picasso. É de notar que a sua busca de um espaço pictórico estreito e o entendimento da obra de arte como uma existência própria, autónoma e material, para lá da sua essência, é herdada do Cubismo.
- Abstracção Lírica: Após 1945, e especialmente em França, a Abstracção Geométrica que toma o nome de l'Art Concret virá a confrontar-se com uma nova corrente que vai ter variadas denominações dadas pelos  críticos: l'abstraction lyrique, tachisme, l'art informel, matérisme, un art outre, estes artistas praticam uma pintura de abstracção expressiva que se tornará dominante internacionalmente a partir de 1955. Genericamente poderemos dizer que a Abstracção lírica é uma forma de Expressionismo Abstracto onde os valores formais e propriamente pictóricos (e portanto a herança Cubista) se sobrepõem aos valores Gestualistas. Os seus praticantes são geralmente Europeus.

Influencias do Cubismo em Portugal:


- Em Portugal a influência Cubista enquadra-se no chamado Primeiro Modernismo (ver texto sobre o Modernismo em Portugal).

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